A paralisia da abundância: querendo tudo e não conseguindo absolutamente nada
Às vezes me pego querendo tantas coisas ao mesmo tempo que acabo não focando em nada. É como se o mundo estivesse cheio de portas abertas, todas me atraindo, cada uma com algo diferente e empolgante, mas, ao tentar entrar em todas, acabo ficando parada sem realmente cruzar nenhuma. Eu quero viajar, viver da minha arte, explorar o mundo, estudar algo novo e, ao mesmo tempo, tenho vontade de apenas aproveitar o que eu tenho agora. Essa indecisão me bloqueia, porque sinto que não consigo dar um passo claro em nenhuma direção. Fico me perguntando se esse desejo de ter tudo está me impedindo de alcançar qualquer coisa.
Parece que, ao invés de mergulhar fundo em um sonho, eu acabo nadando na superfície de vários. A procrastinação aparece, não por preguiça, mas por toda essa confusão interna. Como escolher uma única coisa quando tudo parece igualmente possível e ao mesmo tempo tão distante? No fundo, eu sei que o primeiro passo é necessário, mas ainda estou tentando descobrir qual porta realmente quero atravessar. Eu sinto que, talvez, ao me conectar mais com o que realmente importa, poderei encontrar o foco e, com isso, finalmente avançar em uma única direção, em vez de tentar ser tudo de uma vez.
Mas esse processo de descobrir o que realmente importa não é tão simples quanto parece. Eu tento pensar no que me faria sentir realizada, no que traria mais sentido para minha vida, mas as respostas parecem mudar de um dia para o outro. Às vezes, sinto uma vontade profunda de largar tudo e viver de fotografia, capturando momentos ao redor do mundo, vendo a beleza em cada canto desconhecido. No dia seguinte, fico fascinada pela ideia de escrever, de me perder nas palavras e nas histórias que posso contar. E aí vem o desejo de aprender algo completamente novo, como programação, porque, de certa forma, eu acredito que essa habilidade poderia me trazer uma liberdade financeira que eu tanto almejo.
Acredito que parte de mim tem medo de escolher uma coisa só, porque isso significaria abrir mão das outras. E se, ao focar em uma área, eu descobrir que não era o que eu queria? E se eu me arrepender? Eu sei que essa indecisão é o que me trava, mas parece que o medo de errar é ainda maior do que a vontade de tentar. É como se houvesse uma pressão invisível para acertar de primeira, quando, na verdade, talvez o erro faça parte do processo de descobrir o caminho certo.
Talvez eu precise confiar mais no fluxo da vida, deixar que as respostas venham conforme eu sigo adiante, ao invés de esperar que tudo esteja perfeitamente claro antes de começar. O que eu sei é que, enquanto eu fico parada, o tempo não pára comigo. E, em algum momento, precisarei fazer uma escolha.